História da Moda: 100 anos (1981-1990)
Do livro “Um Século de Moda” do professor e historiador de moda João Braga.
1981
Moda mendigo
Apesar de outros japoneses já terem se estabelecido em Paris, como Kenzo Takada e Issey Miyake, em 1981, Rei Kawabuko, com sua marca Comme des Garçons, e Yohji Yamamoto (foto), mostraram suas propostas inspiradas no pauperismo, lembrando mendigos, com silhuetas desproporcionais, aparências envelopadas, rasgadas e esfarrapadas, propostas que foram incorporadas à moda mundial.
Foto: Getty Images
1982
Museu da Moda
O então ministro da cultura da França, Jack Lang, anunciou a criação de um museu de moda em Paris, que se chamaria Musée des Arts de la Mode (Museu de Artes da Moda). Em 1997, o projeto foi reformulado e mantém-se até hoje como Musée de la Mode et de Textile (Museu da Moda e do Tecido), que funciona na ala Rohan do Museu do Louvre (foto), na rue de Rivoli, 107.
Foto: Getty Images
1983
Karl Lagerfeld e Daslu
O alemão Karl Lagerfeld assumiu a Maison Chanel, onde está até hoje, em 1983. Precoce, aos 16 anos, em 1954, ganhou o “Melhor Manteou”, da Secretaria Internacional de Lã. Trabalhou em várias marcas e em 1984 abriu também a sua própria. Também é diretor de criação da Fendi. No mesmo ano, Eliana Tranchesi assumiu a butique de sua mãe Luci Piva de Albuquerque, que abrira em 1958, com sua amiga Lourdes, daí o nome Daslu. Eliana criou uma aura de requinte à loja.
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1984
Desconstrutivismo na moda
O belga Martin Margiela apresentou a primeira coleção com seu nome, estabeleceu-se em Paris e foi assistente de Jean-Paul Gaultier. Margiela foi o precursor e principal difusor do desconstrutivismo na moda, com costuras aparentes, avesso aparecendo, bainhas desfiadas, grande referência estética da moda dos anos 1990. Na foto, desfile de 2006
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1985
Saias para homens
Em 1985, Jean Paul Gaultier colocou em sua coleção masculina saias enxadrezadas. Não foi o primeiro, mas a partir do desfile, a peça começou a ser mais aceita, principalmente pelos jovens que saiam para dançar.
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1986
Cooperativa de moda
Na França, foi lançado o IFM (Instituto Francês de Moda), com o objetivo de ser um centro de aperfeiçoamento, pesquisa e estudo de e para profissionais de moda. No Brasil, jovens estilistas que se conheceram na Casa Rhodia formaram a Cooperativa de Moda, entre eles Conrado Segreto, Jum Nakao e Walter Rodrigues (foto).
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1987
Christian Lacroix
O estilista Christian Lacroix lançou em 1987 sua Maison de alta-costura. Nascido em Arles, em 1951, fez estudos sobre roupas nas pinturas, desenhou trajes de óperas, trabalhou na Hermés, e em 1987 ganhou o prêmio máximo do Council Fashion Designer of América (CDFA). Em 2009, despediu-se da alta-costura e se dedica a criação de figurinos para óperas e teatro.
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1988
Cheap & Chic
Franco Moschino nasceu em Milão no ano de 1950. Trabalhou como ilustrador de revistas de moda e, na sequência, com Gianni Versace desenhando estampas. Com carreira solo, fundou sua marca de prêt-à-porter em 1973. Uma das mais marcantes características do trabalho de Moschino foi uma moda associada ao humor e à paródia tanto para o feminino como para o masculino, como mostra desfile da coleção verão 2007 (foto). Em 1988, criou uma nova linha de produtos de moda mais acessível, chamando-a de “Cheap & Chic” (barato e chique, em inglês).
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1989
Gianfranco Ferré para Dior
Depois dos japoneses, os italianos também se projetavam na moda na década de 1980. A moda francesa, para não ficar abalada, tomou a iniciativa de trazer nomes expressivos da Itália para a França. Foi o que aconteceu na Casa Dior quando convidou e nomeou Gianfranco Ferré (foto) para a direção artística das suas coleções de alta-costura, prêt-à-porter e peles. Ferré desenvolveu coleções chez Dior até 1996, quando se desligou das atividades na casa e, posteriormente, foi substituído por John Galliano, em 1997.
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1990
Collor e grifes internacionais
No processo de redemocratização do Brasil, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente em 1989 e, logo depois de empossado em 1990, abriu o mercado do país às importações. Na área da moda chegaram primeiramente os tecidos e, posteriormente, as peças confeccionadas populares e as dos grandes nomes da moda internacional. A indústria têxtil brasileira não estava preparada para esta realidade de competição tanto em qualidade quanto em preço. A solução dos estilistas brasileiros foi então buscar inspiração nas referências da cultura nacional como forma de valor agregado e consequente valor reconhecido.
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